O Fim

Há quatro anos o mundo era diferente. Santana Lopes era primeiro-ministro, George Bush presidente dos EUA, e Cesariny era vivo. Há quatro anos, o Animatógrafo nasceu de uma pancada de final de tarde, num escritório na Av. de Berna, em Lisboa. E alimentou-se pela necessidade de escrever sobre muita coisa, e pela ilusão de ser lido, por muito poucos. Quatro anos depois, a ilusão morreu pela realidade e a necessidade de falar aos outros desvaneceu-se na incapacidade de gerar algum fórum de discussão. Assim, o Animatógrafo morre na mesma semana em que o seu autor vê alterações efectivas na sua vida profissional e substantivas na vida pessoal, e quando já pouco sentido fazia continuar a escrever. Para já, para o futuro próximo, o Animatógrafo vai centrar-se em si mesmo e abdicar do esforço de discutir ideias com os outros. Para já, para agora, é o fim.

Natal relativizado: pior só... (III)

Natal relativizado: pior só... (II)

Natal relativizado: pior só.... (I)

Eu detesto o Natal

... e há que aproveitar todas as oportunidades para o afirmar. Pior só mesmo Santana Lopes na CML. Mas primeiro vamos tratar do Natal.

Nippon Koma

Cá está: em mês desse desespero e origem de todos os males que é o Natal, ainda há razões para sorrir. Há já vários anos que o Nippon Koma toma a Culturgest de assalto e durante uma semana temos cinema japonês em dose comedida mas produtiva. Este ano o Animatógrafo não vai conseguir ter a mesma atenção que em outras edições, mas contamos ir ver qualquer coisa. Entre cinema de animação e documentários, até sábado vale a pena deixar as compras de peúgas para dia 24 de parte e olhar para o boneco. No caso, japonês, o melhor.

Eu detesto o Natal

Cá vamos nós outra vez.

Há fases assim

em que as palavras não têm espaço.

Vénia do dia: Fleet Foxes

décimo oitavo regresso

décimo sétimo regresso

Tenho saudades (manca-me) polaroid. O químico era
doce.
E os dias passavam-se à sombra das nuvens de fumo, moendo dentes de álcool, atirando romãs aos gatos. A cor obtinha-se desfocando gravemente as dioptrias da pele das cadeiras, nova feito
plástico com cheiro, e em processo orgânico familiar. Shoot. Posta
uma mesa rotativa para cinco, aos pares, o cachimbo era então construído do castanho para a retina,
do cinzento para o banal,
com areia à mistura. Fala-se alto. Os pinta-roxos lidos algures entre Évora e Canal Caveira formam-se na antítese das penas, e cada película é uma sujidade alternativa das cordas. Ao canto, um ombro raspado. Um ângulo construído pela forma do indicador, ou antes a ideia de um tempo que não chegou a existir, entre culpas argelinas e o som abafado da carpete da sala. À luz, água. Dobrando a cervical, tudo já parece pouco mais do que.

A minha palavra favorita da semana XXIV



Butoh

Superbock em Stock

Mesmo o consumidor mais distraído tem noção que, em Portugal, e mesmo um pouco por todo o lado, a época dos festivais de música é o Verão. Porque há férias. Porque os grandes terreiros de pó, junto ao rio ou à praia, convidam a banhos, sons e bejecas no pino do calor. Porque os amigos unem-se em maiores grupos. Porque há amores efémeros e noites esquecidas ou lembradas. O resto do ano passa-se a saltaricar de concerto em concerto, em sala fechada, grande ou pequena. Os grupos são menores, e os preços bem maiores. A Superbock, como grande marca de cerveja que se preze, aliou-se há muito aos festivais de música (ou não fosse o Verão o pico de vendas do produto). E este ano avança com uma ideia quase revolucionária: um festival de música em pleno Outono avançado, já a espreitar o Inverno. Claro que o figurino não podia ser o mesmo, senão facilmente teríamos wrestling feminino na lama. E daí os senhores da Unicer pensaram na coisa de forma bem diferente: durante dois dias, todos os espaços disponíveis na Av. da Liberdade, mesmo os mais raros, acolhem nomes do cenário musical actual em pequenos concertos. O bilhete é único para os dois dias, 3 e 4 de Dezembro, e a ideia será andar a saltar do Tivoli para o S. Jorge, ou do Parque Mayer para o Maxime. Reconhece-se uma programação que quer aliar novos valores nacionais com nomes lá de fora. E, perdoem-nos os restantes, mas todos os holofotes vão para Santogold, Lykke Li, Ladyhawke, El Perro del Mar, Peixe:Avião, Deolinda e Zita Swoon. Este é daqueles que ou pega de estaca ou morre à nascença. A ver vamos se alguém ajuda à sobrevivência da coisa.

Mulheres levadas da breca XIV



Zooey Deschanel

Música de Domingo XV



Joan as Police Woman, To Be Loved, in To Survive, 2008