Corbijn, Zemeckis, Cronenberg, Van Sant, Coppola

Meses de penúria e de repente todo um nó cósmico se desenlaça. Entre final de Novembro e início de Dezembro estreiam em Portugal cinco filmes cinco que vão marcar o balanço do ano. Já esta semana, e depois de passar no Festival Europeu de Cinema do Estoril, aparece Control, de Anton Corbijn. Primeiro, o realizador, para os mais desatentos, é o responsável por toda a filmografia em volta da carreira dos U2 e dos Depeche Mode. Desta feita, na sua estreia a sério em cinema, o fotógrafo atira-se à biografia de Ian Curtis. O mítico vocalista suicida dos Joy Division é o objecto de interesse do holandês que, segundo rezam as vozes informadas, fez algo para ser amado e odiado. Na próxima semana, a 22, Robert Zemeckis de volta, e com vontade de voltar a virar o cinema de pernas para o ar, enquanto dispositivo. Beowolf é muito mais do que a história do guerreiro homónimo que enfrenta o monstro Grendel. É sobretudo um enorme passo em frente na motion capture, técnica de animação digital a partir de actores. A coisa motiva já a Lusomundo como primeira distribuidora a ter salas totalmente 3D, num total de 13, recorde europeu. E o resto pode ser um visual invulgar que conjuga representação real, banda desenhada e jogo de vídeo, e um guião do mago Neil Gaiman. Na semana seguinte, a 29, os regressos de Cronenberg e Gus Van Sant. O primeiro com Eastern Promises, drama violento com a máfia russa em fundo e Viggo Mortensen em plano frontal. Já deixámos aqui o trailer há uns tempos, mas as reacções nos EUA dão conta de algo novamente ao melhor plano de Cronenberg, depois do extraordinário A history of violence, porque ninguém filma a violência assim. No mesmo dia, aparece nas salas Paranoid Park, cenário de um crime aparentemente simples (a morte de um segurança). Van Sant manteve a tónica em jovens adolescentes e a ideia parece ser mesmo a de paranóia, perseguição, dúvida e controlo, num trabalho, há quem diga, de final operático. Ainda sem data, está Youth without Youth, o regresso de Francis Ford Coppola dez anos depois. A imagem de fundo é pré Segunda Guerra Mundial, e alguém muda por ser atingido por um cataclismo. Não se sabe muita coisa, mas sabe-se que Tim Roth e Bruno Ganz dão o corpo ao manifesto. As críticas até agora não dizem maravilhas, pelo que se teme o pior, pois que a Coppola exige-se o mundo e tudo o mais. E nos entretantos estreiam ainda Wim Wenders, Aki Kaurismaki, Ridley Scott, Otar Iosseliani. Cada tiro cada melro, cada cavadela uma minhoca.

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