Agora com os Hercules and Love Affair. Lá para o final do Verão de novo com os Johnsons.
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
terça-feira, fevereiro 26, 2008
There Will Be Blood (****)

sábado, fevereiro 23, 2008
Lavagante
São duas notícias numa. Primeiro que tudo, e que todos: um inédito de José Cardoso Pires. Reza a história que o texto nunca foi publicado em livro, e que uma versão reduzida terá visto a luz do dia em Dezembro de 1963, na revista "O Tempo e o Modo". A versão que agora chega aos escaparates foi revista pela filha do escritor e é um excelente mote para Nélson de Matos. Cardoso Pires, autor maior da literatura lusa contemporânea (a par de Lobo Antunes) volta a mexer nas mentes que estejam disponíveis para o ler. O Animatógrafo curva-se com respeito e saudade do autor (que chegou a conhecer e cuja obra investigou profundamente, com resultado disponível aqui). Segundo, o mesmo Nélson de Matos ataca assim como prometido: está lançada a Edições Nelson de Matos, editora nova do ex-responsável da D. Quixote. A ideia parece ser apostar em qualidade, claro está, e é de saudar num tempo em que as editoras entraram na idade adulta do capitalismo, geridas como máquinas de precisão de um mercado cada vez maior. Parece ser o regresso do editor, contra o cada vez mais comum gestor de catálogo. A ver vamos. O projecto dispõe de um blog, aqui.
domingo, fevereiro 17, 2008
In The Valley of Elah (****)

sábado, fevereiro 16, 2008
A verdade é que
A verdade é que devia estar a trabalhar na área da cultura, e não estou. Devia ser programador, ou técnico de luz, ou assistente de comunicação, ou promotor. Olhando para trás, dir-se-ia que falhei na coragem para assumir que o queria fazer não me daria, objectivamente, o que queria de material na vida. A verdade é que o que faço hoje está longe das minhas inquietações mentais, do que me interessa efectivamente, do que me realiza nas entranhas. Sim, poucos são os que fazem o que querem. E poucos ainda o que os efectiva na realidade que constroem. A verdade é que o quotidiano é hoje uma mentira mascarada de necessidade, e um dia, do alto dos meus 50 ou 60 ou 70 anos, vou desejar acreditar em qualquer força metafísica que me traga de novo ao tempo da oportunidade. A verdade é que o antropocentrismo a que aderi é bonito, mas fode-me o juízo.
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
domingo, fevereiro 10, 2008
Das mulheres filhas da puta
A raça é antiga. Remonta aos idos da carne junto ao osso, e quando eram formatadas à porrada de cacete. Comiam e calavam, e foram apurando uma genética própria, derivada da adaptação ao meio e do desenvolvimento de noções quinéticas profundamente enraizadas no cerebrelo. Uma mulher da filha da puta tem os olhos vermelhos. Acorda, de manhã, sozinha e recrimina tudo o que sabe para se vestir com um objectivo específico, mesmo que narcísico. Durante os seus dias cheiram o musgo alheio com nariz tísico e procuram as presas mais susceptíveis de serem afectadas. Na sua impossibilidade, conformam-se em afastar estas e providenciar lugar a outras que tais, dóceis, sejam homens, filhos, sogros ou gajas. Usualmente ignorantes para além do seu scope, focalizam-se na tarefa corrente de tal forma que tudo o resto é-lhes desfocado da vista, mesmo fisicamente, e assumem uma pose central numa cena imaginada, onde a face e as articulações parecem desenhadas por Paula Rego. Uma mulher filha da puta é um homem com tomates, mas sem pénis. Compensa assim a ausência do membro com braços extra-longos, pele destratada pelo ar condicionado e, por vezes, vitimização interior. Espécimen em expansão sobretudo em países em vias de desenvolvimento, onde acreditam existir território virgem, quando são são de forma inteira, não dando lugar a dúvidas ou ensaios de consciência. As mulheres que se dizem filhas da puta, essas, não passam de produtos frescos de uma sociedade com baixa auto-estima, que se tentam afirmar pela negativa quanto a negativa é positiva, a seu ver. As verdadeiras desconhecem o estatuto pessoal e acreditam ser verdadeiros prodígios de entrega e dedicação a uma causa, seja profissional, pessoal ou futebol de cinco. Bons exemplos são artistas que, colocando a filha da putice ao serviço da arte, não poucas vezes se revelam seres de atracção fatalista para alguns homens. As mulheres filhas da puta são o futuro dos anões.
Cultura, Saúde
Já tardava a substituição de Isabel Pires de Lima no Ministério da Cultura. Desde cedo, a senhora ministra deu sinais de ser um profundo erro de casting. Aparentemente desconhecedora dos dossiers, partiu para a ignorância ao substituir a directora do Museu de Arte Antiga e o director do Teatro S. Carlos, dois óbvios elementos preponderantes na (parca) dinâmica cultural portuguesa. Em adição, foi totalmente inábil na condução do dossier “Museu Berardo”, deixando “fugir” Mega Ferreira quando finalmente se tinha assumido à frente de um dos maiores pólos culturais nacionais, o CCB, e aceitando que ficassem a pairar enormes suspeitas sobre o negócio com o comendador. Pires de Lima terá sido, de forma clara e transparente, a pior escolha de Sócrates para o elenco governativo, e sabia-se há muito que, à primeira oportunidade, seria exonerada. Sócrates cumpre. Porém, a escolha de um economista sem ligações ao meio cultural português e com íntimas ligações a Joe Berardo deixa muito a desejar. José António Pinto Ribeiro aparece do nada, sem trabalho vísivel mas, e aqui pela positiva, sem anti-corpos. A ligação a Berardo será, claro, fortemente vigiada. E, infelizmente, Sócrates dá um mau sinal com um bom sinal. A substituição, boa per si, implica um novo agente que talvez mais não fará que gerir um orçamento inexistente. A indicação deste Pinto Ribeiro é claramente a defesa da Cultura enquanto sector esvaziado de capacidade de investimento e a fazer contas às migalhas. Há quem diga, aliás, que Sócrates prepara assim este Pinto Ribeiro para outros voos, noutras pastas. Curiosamente, quem passou o dia a receber telefonemas de parabéns, de acordo com o Expresso da semana passada, foi o outro António Pinto Ribeiro, programador da Culturgest, académico reconhecido e personalidade há muito vista como possível ministro da pasta. Esse sim teria sido uma aposta para um futuro mais sorridente de uma área esquecida por sucessivos governos desde o tempo de Manuel Maria Carrilho (honras feitas a Guterres).
Do lado da Saúde, de novo Sócrates a dar o pinote. Dias depois de afirmar total confiança em Correia de Campos, Sócrates admite os problemas e troca-o por Ana Jorge. Se a gestão do dossier “encerramento de urgências” foi desastrosa, dificilmente seria possível ao primeiro-ministro dar pior sinal do que demitir um ministro fortemente pressionado pelos media, populações e oposição. Até porque, acredita-se, na génese, o programa de encerramento de urgências hospitalares de menor eficiência e a sua substituição por centros intermédios está correcta.Falhou, de forma demasiado óbvia, a planificação de encerramento das primeiras e abertura dos segundos. Mas demitir um dos ministros mais visíveis do governo, sobretudo no auge das pressões, indica um Sócrates de olho demasiado virado para eleições e no apaziguamento das facções internas do PS, com Manuel Alegre à cabeça. À partida, o efeito foi conseguido: a entrada de Ana Jorge calou as Anadias, pelo menos num “esperar para ver” que dá oxigénio a quem governa. Mas fica o sinal. Se nalgumas matérias Sócrates mantém a posição forte que imprimiu na primeira metade da legislatura, parecem existir sinais suficientemente preocupantes para seguir os próximos meses com atenção redobrada. Assim não, pá.
Do lado da Saúde, de novo Sócrates a dar o pinote. Dias depois de afirmar total confiança em Correia de Campos, Sócrates admite os problemas e troca-o por Ana Jorge. Se a gestão do dossier “encerramento de urgências” foi desastrosa, dificilmente seria possível ao primeiro-ministro dar pior sinal do que demitir um ministro fortemente pressionado pelos media, populações e oposição. Até porque, acredita-se, na génese, o programa de encerramento de urgências hospitalares de menor eficiência e a sua substituição por centros intermédios está correcta.Falhou, de forma demasiado óbvia, a planificação de encerramento das primeiras e abertura dos segundos. Mas demitir um dos ministros mais visíveis do governo, sobretudo no auge das pressões, indica um Sócrates de olho demasiado virado para eleições e no apaziguamento das facções internas do PS, com Manuel Alegre à cabeça. À partida, o efeito foi conseguido: a entrada de Ana Jorge calou as Anadias, pelo menos num “esperar para ver” que dá oxigénio a quem governa. Mas fica o sinal. Se nalgumas matérias Sócrates mantém a posição forte que imprimiu na primeira metade da legislatura, parecem existir sinais suficientemente preocupantes para seguir os próximos meses com atenção redobrada. Assim não, pá.
Desabafo mental (IX)
Muitas vezes sinto-me desacompanhado nas preocupações teóricas e contagiado nas práticas.
quinta-feira, fevereiro 07, 2008
Oitavo regresso
O nojo aquece-te, como as árvores
sabes
que todos os dias crescem no mesmo sentido em que os olhas
e que ao fundo
no fundo
arriscas a cabeleira branca, solene
no limite do fumo, ou da água
enquanto não te dizem algo mais
do
que
quererias alguma tarde saber
ou noite
ou
na franja da fome
chegar a activar o cadastro
desbotado de quem te precedeu no
sangue
sabes
que todos os dias crescem no mesmo sentido em que os olhas
e que ao fundo
no fundo
arriscas a cabeleira branca, solene
no limite do fumo, ou da água
enquanto não te dizem algo mais
do
que
quererias alguma tarde saber
ou noite
ou
na franja da fome
chegar a activar o cadastro
desbotado de quem te precedeu no
sangue
terça-feira, fevereiro 05, 2008
Albertina, há minutos
Albertina tinha 3,36€ para pagar, quatro iogurtes básicos, um pacote de biscoitos secos. Olhou para as moedas na palma da mão, poídas, e para a voz impaciente da caixeira do supermercado, e nada fazia sentido. 3,36€, e faltavam moedas. Quatro iogurtes e uns biscoitos, secos, num pacote de plástico ruidoso. Albertina, ou Inês, ou Luísa, 70, ou 76, ou 81 anos, olhava para as moedas e para a menina. 3,36€. Albertina humedeceu os olhos, involuntariamente. Paguei a diferença, e Inês, ou Luísa, agradeceu entre lágrimas. Quatro iogurtes básicos, biscoitos secos num pacote. Perdi a fome.
domingo, fevereiro 03, 2008
Palhaço, cabrão
Este Carnaval mascarar-me-ei de palhaço. Por obrigação. Em breve, de cabrão. Por gosto.
Sweeney Todd, the demon barber of Fleet Street (****)
