À saída de Fiumicino, polícias à paisana defendem a pátria à entrada. Metros à frente, o calor invade os poros sem pudor e instala-se como premissa, sem discussão prévia. As praças sucedem-se, intercaladas por ruas abandonadas ao seu Verão. A temperatura sopra-se a si mesma. Descendo a Via del Corso, os primeiros turistas habitam os espaços deixados vazios. Lojas de luxo miram-se desconfiadas, perante o ângulo comum para a escadaria da Piazza de Spagna. Numa pequena prerpendicular, uma mulher asiática conversa silenciosamente com um edifício, numa rara imagem sono. Horas depois já o fórum Romano se assume visível, com o Coliseu em skyline. Os templos respiram. Grupos de espanhóis riem alto, enquanto três japoneses se refrescam num ponto de água. Duas oliveiras controlam tudo. Percorrendo a margem do Tibre de carro, vespas cruzam as praças com mulheres de anúncio à velocidade da cor da própria pele. As pontes sucedem-se, e algo lembra Paris. Em Trastevere, vendedores costa-marfinenses entoam frases da Toscânia como crianças açucaradas, tentando vender falsas Louis Vuitton a norte-americanos de passagem. As ruas cruzam-se nas esquinas das trattorias. O dia morre húmido, na sombra nocturna de uma esplanada, convidada à embriaguez por alguém que canta à janela.
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