Prémio "vingança do chinês"

"As autoridades asiáticas atrasaram o alerta sobre o Tsunami por razões turísticas".

SIC, Jornal da Noite, 28/12/2004

Cesariny



Para os que me conhecem há já anos (alguém?), não é surpresa saber que muitas vezes vagueei de livro na mão, à procura de poiso. Sempre me tive como grande amigo meu, e nunca me furtei a tardes ou manhãs abandonado a mim mesmo, fosse a ver cinema chinês num já extinto AC Santos (na Av. da Igreja) ou escondido do sol na sala dos fundos da Benard, cujo fausto afasta quem espreita, sem razão maior. Nessas epopeias urbanas (foi assim que conheci grande parte da cidade, a vaguear) muitas vezes me fiz acompanhar do amigo Mário, como do amigo Zé ou do amigo Vergílio.
Um a um acabaram por falecer, antes de me faltar a coragem para lhes estender a mão e acabar com o mito. O amigo Mário ainda resiste. Nascido em 1923 (tinha 12 anos quando morre um desconhecido Fernando Pessoa) é hoje mais um velho à janela de um prédio de esquina, de camisola interior de alças, longas rugas no pescoço como veios de eléctrico e olhos semi-redondos de tabaco. O amigo Mário conheceu o Breton, um gajo armado ao comuna, que escreveu um manifesto em franciú de croissant (é o melhor). O amigo Mário andava pelo café Gelo numa de cadáver esquisito com o Ohm e o O'neil. O amigo Mário foi antologizado por um tipo de nome Perfecto E. Quadrado, espanhol de clara. O amigo Mário faz-nos o favor de dizer que os outros amigos morreram de suicídio-homícidio, aos berros, enquanto um tipo suspeito filma contra uma parede vermelha. O amigo Mário diz que

conheço a tua voz como os meus dedos
( antes de conhecer-te já eu te ia beijar a tua casa )
tenho um sol sobre a pleura
e toda a água do mar à minha espera
quando amo imito o movimento das marés
e os assassínios mais vulgares do ano
sou, por fora de mim, a minha gabardina
e eu o pico Everest

Vejam: http://www.atalantafilmes.pt/2004/autografia/

Prémio "melhor imagem de Boas Festas"

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Prémio "assim é que se fala!"

"Há quem passe a consoada...

... a tirar a p*** da espinha de bacalhau que se encontra espetada na garganta.
... a chegar à conclusão que os sonhos parecem testículos cobertos com açúcar.
... a olhar para a prima com se ela fosse a mais apetitosa das pernas de peru.
...convencido que está a festejar o Dia Mundial do Livro.
... a olhar para a família e a pensar que a genética é uma coisa lixada.
... agarrado a alguém do sexo oposto.
... a olhar para a perna de peru como se ela fosse a mais apetitosa das primas.
... convencido que o Pai Natal é uma stripper vinda do leste europeu.
... nu, a fazer o pino e com um duas bolas da árvore de Natal presas a um par de outras bolas.
... a murmurar "Meu Deus, envia uma praga de gafanhotos de proporções bíblicas e acaba com este tormento! Ok... contento-me com uns 100 ou 200. Tudo menos vestir-me novamente de Pai Natal!!!"
... agarrado a duas pessoas do sexo oposto.
... alcoolizado, a explicar a avó os benefícios das orgias.
... seriamente a colocar a hipótese do suicídio, após ouvir a quadragésima nona graçola proferida pelo engraçadinho da família.
... a pensar que a vida seria bem mais fácil se os humanos tivessem quatro braços e vinte dedos em cada mão. Três pés também vinham a calhar.
... a dizer, vezes e vezes sem conta, "Não! Ainda é cedo para o Pai Natal chegar! Não! Ainda é cedo para o Pai Natal chegar! Não! Ainda é cedo para o Pai Natal chegar! Não! Ainda é cedo para o Pai Natal chegar! Não! Ainda é cedo para o Pai Natal chegar! Não! Ainda é cedo para o Pai Natal chegar!"
... a dizer, em estado de desespero, "F******! Não! O Pai Natal este ano não vem! Está preso nos calaboiços da PJ, acusado de actividades pedófilas e trafego de brancas! Não sabes o que é um pedófilo? Então vai perguntar ao mentecapto do teu pai e deixa-me em paz!!!!!"
A todos estes e a vocês também, o GameOver deseja um feliz, feliz, feliz, feliz Natal, f******! desculpem, mas não resisti!"

Newsletter da Gameover

Prémio "obrigado pela atenção"

"Fortemente criticado pela oposição, o Governo decidiu ontem revelar o custo do encarte sobre o Orçamento do Estado distribuído em seis jornais. O ministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento, afirmou que o Executivo gastou 100 mil euros com a publicação. O que, segundo o seu gabinete, representa um custo de «dois cêntimos por contribuinte». A verba envolvida, assegurou Sarmento, «não é um gasto, é um investimento» no esclarecimento dos portugueses, decidido antes da dissolução do Parlamento."

Diário de Notícias, pág. 8, 23 Dezembro

Prémio "alguém já lhe disse?"

"Nobre Guedes ponderou deixar o Governo"

Diário de Notícias, primeira página, 23 Dezembro

Prémio "vivinha da costa"

Reportagem da TVI dia 21, Jornal Nacional.

Jornalista: "Então o que é que vai comprar para este natal, para a noite da consoada?"

Senhora esgroviada: "Ah, o costume, bacalhau né? Ou, se não houver, sardinhas, pelo menos..."


Vertov

Em 1929, um senhor bem simpático chamado Dziga Vertov (antes Dziga que Felisberto) deu-se ao trabalho de andar a filmar a rotina de gentes russas por terras russas. Mais do que isso, deu-se ao trabalho de andar a filmar quem filmava gentes russas, sabendo-se hoje que o Estalinismo tinha uma atracção quase física pelo cinema e pelas suas potencialidades ao serviço da revolução. "O Homem da Câmara de Filmar", assim se chama o filme de uma hora de Vertov, é muito mais do que uma colecção de fitas aleatórias sobre os gajos que andavam de cidade em cidade a filmar os russos no seu dia a dia. É, possivelmente, a primeira auto-reflexão consciente sobre o cinema. Antes dele, já outro conterrâneo (cujo nome não me recordo) tinha realizado "O Espirro", pequena curta-metragem que assume o dispositivo cinematográfico e a sua presença, sobretudo no último plano onde a própria câmara treme com, claro está, um espirro. Em 2001, a propósito da Porto2001, uns senhores bem simpáticos denominados Cinematic Orchestra deram-se ao trabalho de compor uma imaginária banda sonora para "O Homem da Câmara de Filmar", pintando de sons o filme mudo que encheu já páginas de livros sobre cinema (leiam os breves parágrafos que João Mário Grilo escreveu em "A Ordem do Cinema").

Como sou um tipo chato, não compro tudo o que gostava. E sou um gajo interessado em novas tecnologias, o que converge em pirataria da grossa. Mas ao contrário do que, creio, é normal, não me interessa O Senhor dos Anéis em divx antes de estrear em cinema (ó desperdício visual!). Interessam-me antes filmes de Vertov ou Eisenstein que não estão à mão de semear. Vai daí, procurei "O Homem da Câmara de Filmar", e dei-me ao trabalho de o codificar em MPEG2, ou seja, DVD vídeo. O software que uso faz o encoding ao mesmo tempo que vai mostrando frames salteados. E toda a maravilha está aqui: conheço hoje três versões do filme. A original, muda que nem uma velha. A alterada pelos Cinematic com os seus sons, que mostram uma Moscovo que não tem nada de comuna. E a do software, que pega no filme mudo a preto e branco e insere falhas nos frames, modificando a minha percepção. Se quiserem pensar sobre isto, vejam o mesmo filme no cinema duas vezes, uma na primeira fila e outra na última. E nunca mais verão cinema da mesma forma.

PS: Tenho dias em que sou um bocado alienado, eu sei, mas faço por isso.

Prémio "pergunta lixada"

"Em que medida a memória nos permite resgatar a vida?"

Jean-Luc Godard, "Eloge de L'Amour"

Prémio "subscrevo inteiramente"

"Quando decidir o meu voto, fá-lo-ei depois de ter encontrado respostas a perguntas simples e práticas. Como já sei que todos, ou quase todos, são a favor da Europa, do mercado regulado, dos pobres, dos verdadeiros empresários, da imprensa livre, do "melhor Estado", da justiça pronta, da prioridade à educação e da saúde para todos, não vale a pena perder tempo com a grandiloquência ideológica que, em Portugal, tem tomado a forma do "cliché" e a melodia da banalidade. Como já sei que todos são contra o capitalismo selvagem, a corrupção, a promiscuidade da política com o futebol, a droga, a evasão fiscal, a criminalidade de colarinho branco ou de outra cor, o racismo, os privilégios fiscais, a manipulação da comunicação social, o caos urbano, o declínio da agricultura e a quase extinção das pescas, também não vale a pena perder tempo e paciência com as "grandes causas" nem com as "bandeiras fortes" que os partidos nos vão apresentar. A ridícula "Geração Portugal" não é pior do que o patético "Voltar a acreditar".

António Barreto

http://jornal.publico.pt/publico/2004/12/19/EspacoPublico/O01.html

Prémio "toda a gente deve saber"

"Uma bateria é a melhor armadilha para apanhar alforrecas"

Cirque de Plume

Michael Douglas

Não me recordo sinceramente do nome do filme, mas tenho na cabeça uma imagem vívida da pré-história dos telemóveis. Na minha pequenina cabeça, é frequente ver o Michael Douglas numa praia, no Inverno, a falar com alguém através de um tijolo com aproximadamente três quilos. O aparelhómetro, nos idos fins dos 80 ou princípio dos 90, era um telefone móvel, o último grito de tecnologia, que tinha tal cheiro de novidade que dava ao dito Michael um ar ainda mais flirt do que o emanado apenas pelo sorriso. Hoje, visto à distância, o Michael segura um objecto estranho, enorme, e cujas ondas de radiofrequência são quase visíveis, tornando a cena no mínimo burlesca.

Para ser sincero comigo mesmo, não me recordo de forma precisa quando tive o primeiro contacto com o MSN Messenger. Sei que era indefectível do ICQ, um avô do MSN, e que considerava aquilo que hoje é um delay inadmissivel como o tempo real. Frase para lá, 2 minutos depois (com um modem de 33k) frase para cá. Eram jornadas depois de jantar até às tantas, em que as conversas tinham pouco mais que duas páginas A4, se transcritas. Mas tinha estado horas à conversa. Hoje o MSN é um vício exacerbado, mas também um modus vivendi. A dita janela (informática) permite-me ter uma janela directa (abstracta) em Gent, na Bélgica, por exemplo. Onde nunca tive por ambição estar (janela simultaneamente em território tuga, dentro de casa). A dita janela permite-me reagir em tempo real à flutuação de stocks de um fornecedor na Alemanha, outro na Holanda, e gerir as minhas encomendas, reacções ou mentiras segundos depois. E a possibilidade de imagem ou som simultâneos não é atractivo suficiente: interessa-me ver na janela as emoções e/ou palavrões do outro, não a sua cara. De caras já todos estamos fartos, de janelas não.

Bad Santa, bad Santa!

Creio que mesmo em criança não gostava do Natal. Sempre dei mais valor à desilusão das prendas todas abertas do que aos dias a pensar o que lá estaria. Sempre pensei mais no after christmas do que no before christmas. Sempre pensei mais nas falhas de uma família pouco "familiar" quando tinha que lidar com ela em termos reais do que no quotidiano das semanas sem um telefonema. Sempre dei mais valor ao livro idiota oferecido do que ao que teria sido uma boa prenda. Nunca tive pachorra para blocos de anúncios de 15 minutos ao sábado de manhã. A verdade é que gosto pouco de pessoas. Sobretudo quando são do próprio sangue: as falhas não se perdoam. (bitter post)

Discriminação

Ia na rua e não senti nada, terei outra oportunidade?

Flash

O nome "Vegar", se pensar bem nisso, vem-me à memória associado a Timor. Foi aí que percebi que existe um jornalista chamado José Vegar, muito por culpa do cerco a que resistiu durante os dias duros antes da Independência (e o Hernâni Carvalho também, lembram-se?), e que o dito Vegar é um gajo porreiro. Depois disso comprei (ou ofereceram-me, já não sei bem) uma antologia de reportagens organizada pelo mesmo Vegar. É um tipo inteligente, o Vegar.

Ontem o Diário de Notícias fez-se acompanhar, como todos os domingos, pela famigerada Notícias Magazine, que consegue fazer conviver nas mesmas páginas alguém tão idiota como a sua directora (não vale a pena citar nomes) como o amigo Vegar. O amigo Vegar é como as primas de Chaves, é muito raro aparecer. Mas quando aparece é de caixão à cova. Numa pequena reportagem rara (creio que nunca ninguém há-de escrever algo sobre o tema), o jornalista descreve como Herberto Helder mandou imprimir manualmente uma edição limitada de "Flash", pequena obra apenas para amigos. Foram 250 exemplares impressos numa bafienta e já extinta tipografia da Baixa Lisboeta, em 1980, por mestres já falecidos.

A peça de Vegar é única por várias razões. Primeiro, porque se trata de um livro mais do que raro, que hoje deve habitar algumas afortunadas bibliotecas (não quero nem pensar que alguma cópia se esconde no baú das traseiras de um alfarrabista cuja designação deriva de alfarrobas). Segundo, porque se trata de um autor raro, bicho anti-social que recusou o Pessoa com um liminar não, fechado no seu casulo algures na rua das Janelas Verdes (pelo menos creio que é por ali). Terceiro, porque terá sido um dos últimos livros trabalhados literalmente à mão em Portugal, por quem veio a falecer sem devido reconhecimento e viu a sua obra ser devastada por novo inquilino que se limitou a deitar no lixo caracteres, chapas e demais material que faria parte do espólio de um museu em qualquer parte do mundo, já para não dizer parte da história da cultura portuguesa. Quarto, porque mergulha numa revista sensaborona de domingo, como um cálice de Porto centenário à espera de ser bebido. Desde "Photomaton e Vox" que vejo em Herberto Helder um dos últimos demiúrgos portugueses, a par de poucos, como Cesariny. Eremita assumido, tem a coragem de fazer o que muitos gostavam: fechar-se na sua concha e criar imagens, quais profecias, atiradas à rua de quando em vez, de forma subtil e editada. O "Flash" de Herberto, manual na sua essência, merece o seu lugar no campo aberto das atitudes que faziam a diferença, fosse à mesa do Café Gelo ou em Paris. Ou num lugar que já não existe.

PS: Se tiverem a coragem de entrar num alfarrabista, perguntem pelo Flash, aqui pelo vosso amigo.

Touriga Nacional, Reserva 2004

Quem me conhece muito bem (será número suficiente para ser plural?) sabe que, em tempos, militei activamente na Juventude Socialista. Inscrevi-me aos 17 anos, no mesmo jantar onde conheci António Guterres (guardo a imagem de um homem pequenino e frágil, quando ainda as vozes críticas eram poucas e a sua simpatia muita). De pouca dura por problemas de consciência, a militância dividiu-se entre ir às reuniões ou não ir, entre participar activamente ou não. Curiosamente, acabei por decidir afastar-me no mesmo dia em que conheci Mário Soares, na campanha que o havia de conduzir a Bruxelas (guardo a imagem de um homem leve com mãos muito suaves, quase sem peso). No entretanto, resolvi os meus problemas de consciência, que oscilavam entre a escolha de uma profissão do outro lado da barricada (o jornalismo utópico, à data) ou o assalto ao poder mediático, que numa qualquer organização política se revela fácil para quem prefere pensar os problemas, mesmo que apenas aparentemente, em vez de colar cartazes. Mas para além disso, outra questão me assolava: o dilema entre ter o trabalho de participar ou a preguiça do afastamento. Escolhi a preguiça. O plano mediático e político, ao contrário do que se pensa, exige reuniões vazias de ideias e plenas de retórica, muitos eventos sem objectivo, muita chatice. A parte das ideias, quando existe, é esbatida pela discussão de 3 horas sobre os procedimentos para meter o dedo no ar para falar, ou como se escreve uma acta.

Tudo isto para dizer que é difícil compreender como alguém ingressa na carreira política de acordo com as normas partidárias, ou seja, sem ser um independente convidado. A colheita de bons políticos que marcava a utopia do discurso de Mário Soares nunca será feita. Os que entraram quando os gestores ainda não ganhavam 17 mil contos mês são hoje o que se vê, com ou sem acusações de caudilhismo.

Uma reportagem na SIC anteontem dava voz a uma enfermeira reformada do hospital de Santa Maria em Lisboa, conhecida de Jorge Sampaio. A senhora, com expressões claras de esquizofrenia e cabelo de enfermeira reformada, falava do Sampaio que "se escondia nas camaratas do hospital, para fugir à Pide". Hoje Sampaio dirá algo inverosímil para justificar aquilo que todos sabíamos necessário. E, se fosse de boa safra, demitia-se e pedia à senhora enfermeira para o cobrir com o lençol, para ninguém o descobrir.

Antes de tempo

Não vou ser cínico nem pseudo-intelectual e dizer que sigo o percurso de Beatriz Batarda desde pequenina. Confesso mesmo que não sigo. Mas recentemente, no espaço de 2 semanas, converti-me ao pequeno grupo de maníacos do cinema e desta coisa muito difícil que é "ter gosto" e vi três filmes nos quais a actriz surge como protagonista. E, meus amigos, converti-me de alma e coração.

Em "Noite Escura", do amigo Canijo, Batarda usa rabo de cavalo e uma face rude de quem controla putas e os copos que os gajos que f.... com elas bebem ou não bebem. Em "Quaresma", de um amigo cuja nome não me está presente, Batarda usa um olhar mágico de campo aberto e transporta as notas do Bernardo Sassetti serra abaixo, como quem mora na Islândia. Em "A Costa dos Murmúrios", Batarda faz-se alien em Maputo, quando a guerra é um ser estranho que não se entranha na pele e a opinião vale tanto como a areia das praias vazias em redor.

Não sou suficientemente presunçoso para dizer que conseguia ser crítico de cinema. Trabalhei com vários para saber que a sua análise e o seu conhecimento da história do cinema me ultrapassam de forma inesgotável. Mas tenho para mim que Beatriz Batarda será talvez a maior actriz do cinema português das próximas décadas. A sua capacidade camaleónica é impressionante. É uma esquizofrenia saudável, digamos. A única semelhança entre a Carla que limpa o sangue de uma prostituta russa na sala dos fundos e a Evita que trai o marido por se sentir sozinha numa Maputo à beira da guerra é um nome no genérico. Não sei de onde vem, como surgiu, se fez casting ou se pensa em rapar o cabelo para um anúncio do BPI (esperemos que não), mas não a percam de vista. E vejam os filmes, seja sobre putas ou a guerra colonial.

objectivo: PM

Era uma vez uma aldeia onde viviam dois homens que tinham o mesmo nome: Joaquim Gonçalves. Um era sacerdote e o outro taxista. Quis o destino que morressem no mesmo dia.

Quando chegaram ao céu, São Pedro esperava-os.

- O teu nome ?
- Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote ?
- Não, o taxista.

São Pedro consulta as suas notas e diz:
- Bom, ganhaste o paraíso. Levas esta túnica com fios de ouro e este ceptro de platina com incrustações de rubis. Podes entrar.

- O teu nome ?
- Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote ?
- Sim, sou eu mesmo.
- Muito bem, meu filho, ganhaste o paraíso. Levas esta bata de linho e este ceptro de ferro.

O sacerdote diz:

- Desculpe, mas deve haver engano. Eu sou o Joaquim Gonçalves, o sacerdote!
- Sim, meu filho, ganhaste o paraíso. Levas esta bata de linho e...
- Não pode ser! Eu conheço o outro senhor. Era taxista, vivia na minha aldeia e era um desastre! Subia os passeios, batia com o carro todos os dias, conduzia pessimamente e assustava as pessoas. Nunca mudou, apesar das multas e repreensões policiais. E quanto a mim, passei 75 anos pregando todos os domingos na paróquia. Como é que ele recebe a túnica com fios de ouro e eu.....isto ?
- Não é nenhum engano - diz São Pedro. Aqui no céu, estamos a fazer uma gestão mais profissional, como a que vocês fazem lá na Terra.
- Não entendo!.

- Eu explico. Agora orientamo-nos por objectivos. É assim: durante os últimos anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas dormiam. E cada vez que ele conduzia o táxi, as pessoas começavam a rezar. Resultados! Percebeste? Gestão por Objectivos!

corta-fitas

Dizia a BBC, nos tempos áureos, que o novo PM português tinha sido "inaugurado". No coment... Fica o link: http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/3903805.stm

karma

Ó mãe, se te oferecessem uma bola de berlim, tu pintavas de verde? (criança da minha rua)

Sim, sim.... (mãe da criança da minha rua)

O pensamento rápido

A onda dos blogues vai já alta, já lá vai, como o governo do Santana, entenda-se. Porquê agora? Porque um gajo à sexta-feira à noite ainda no escritório lê um mail de outro gajo algures a tremer de frio no meio da Bélgica, com sintomas ténues de depressão pós-parto, e dá-lhe uma travadinha de partilhar as amarguras com o resto da comunidade que a esta hora está a jantar em frente à Quinta dos Flamengos. A solidão é fácil de definir: é quando milhões de pessoas estão a fazer o mesmo, mas ninguém nos lê...