Não me recordo sinceramente do nome do filme, mas tenho na cabeça uma imagem vívida da pré-história dos telemóveis. Na minha pequenina cabeça, é frequente ver o Michael Douglas numa praia, no Inverno, a falar com alguém através de um tijolo com aproximadamente três quilos. O aparelhómetro, nos idos fins dos 80 ou princípio dos 90, era um telefone móvel, o último grito de tecnologia, que tinha tal cheiro de novidade que dava ao dito Michael um ar ainda mais flirt do que o emanado apenas pelo sorriso. Hoje, visto à distância, o Michael segura um objecto estranho, enorme, e cujas ondas de radiofrequência são quase visíveis, tornando a cena no mínimo burlesca.
Para ser sincero comigo mesmo, não me recordo de forma precisa quando tive o primeiro contacto com o MSN Messenger. Sei que era indefectível do ICQ, um avô do MSN, e que considerava aquilo que hoje é um delay inadmissivel como o tempo real. Frase para lá, 2 minutos depois (com um modem de 33k) frase para cá. Eram jornadas depois de jantar até às tantas, em que as conversas tinham pouco mais que duas páginas A4, se transcritas. Mas tinha estado horas à conversa. Hoje o MSN é um vício exacerbado, mas também um modus vivendi. A dita janela (informática) permite-me ter uma janela directa (abstracta) em Gent, na Bélgica, por exemplo. Onde nunca tive por ambição estar (janela simultaneamente em território tuga, dentro de casa). A dita janela permite-me reagir em tempo real à flutuação de stocks de um fornecedor na Alemanha, outro na Holanda, e gerir as minhas encomendas, reacções ou mentiras segundos depois. E a possibilidade de imagem ou som simultâneos não é atractivo suficiente: interessa-me ver na janela as emoções e/ou palavrões do outro, não a sua cara. De caras já todos estamos fartos, de janelas não.
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