Donnie Darko: The Director's Cut *****

O filme, meus amigos, o filme é de 2001. Mas alguma cabecinha pensadora lembrou-se de trazer para Portugal o "director's cut", que é como quem diz "a versão que não me deixaram fazer na altura e eu consegui agora". O filme, meus amigos, o filme já era brilhante. Vamos subir o nível: soberbo. O "cut" tem quase mais meia hora que o original, minutos esses que o solidificam, estruturam, enriquecem, dão-lhe outro fôlego. O senhor por trás de Darko é Richard Kelly, realização e argumento assumidos. Quem é Richard Kelly? Um tipo nascido em 1975 que tinha feito duas curtas metragens. E quem é Darko? Darko é um adolescente supostamente esquizofrénico que recebe ordens de um coelho gigante com voz de Darth Vader sem respirador. Donnie Darko é um dos melhores filmes dos últimos 10 anos. Não tenho dúvidas nesta afirmação (o que é bastante assustador). O "cut" vem tornar a voz do coelho mais profunda dentro da cabeça de quem vê. Estamos a falar de um teen-movie, de um suspense movie, de um sci-fi movie, de um family movie, de um romance movie. O fascinante é que não só não é uma grande salganhada, como se torna num filme soberbo, perturbante, que preenche todos os espaços por utilizar do cérebro que se vai preocupando com os incêndios na serra da Estrela e revolve os neurónios mais preguiçosos e as sinapses mais frígidas em busca do prazer.
Ora, para quem quiser prolongar a experiência, o site oficial do filme não é uma colecção de fotografias dos actores, mas um complemento em termos de argumento, definição visual e experiência sensorial. Organizado como um labirinto de contornos escondidos, tem três níveis ao longo dos quais aparecem e desaparecem imagens e informações, surgem notícias de óbitos num jornal imaginário e nos é pedido para decorarmos palavras porque nos servem para sobrevivermos na pesquisa da verdade. Para que nos possam dizer, no fim, "your time is up". É o fim do mundo.

PS: o Animatógrafo inicia hoje aquele terrível defeito de dar estrelinhas aos filmes. Eu tentei arranjar outro icon para estabelecer o ranking, mas como "tomates podres" já não era original.... A escala vai, como os clichés são para cumprir, de uma a cinco estrelinhas. Quando o filme não merecer nenhuma logo penso no que meter...

0 comments: