[Alkantara]: aKabi

E como não se podem ganhar todas, eis senão quando surge aKabi, da turca Aydin Teker. Ora, vejamos o que diz a informação oficial do festival: "os bailarinos calçam sapatos pesados, de diferentes alturas, transformando os seus corpos em formas híbridas. Às vezes, parecem criaturas imaginárias desajeitadas, praticando rituais estranhos, noutros momentos são corpos tecnológicos, máquinas orgânicas, levadas ao limite da sua existência física". Decompondo esta frase, temos uma primeira parte verdadeira e uma segunda falsa. É verdadeiro que "os bailarinos calçam sapatos pesados, de diferentes alturas". Mas tudo o resto, verdadeiramente, é falso. Não é verdade que pareçam "criaturas imaginárias desajeitadas, praticando rituais estranhos". Não é verdade que "noutros momentos são corpos tecnológicos, máquinas orgânicas, levadas ao limite da sua existência física". Basicamente, durante uma hora, não passam de bailarinos com sapatos pesados. São efectivamente criaturas desajeitadas, mas nada têm de imaginárias. Estão mesmo ali, são palpáveis, e não passam de meia dúzia de papuços a quem alguém conseguiu convencer que calçar uns sapatos grandes e estar em cima de um palco a mexer-se como carapaus acabados de pescar é dança da boa. Ora, meus caríssimos amigos, nem dança, muito menos da boa. aKabi ou me passou muito muito ao lado, ou é uma enormíssima desilusão. A não repetir. O bom Alkantara segue dentro de momentos.

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