Dão-se alvíssaras a quem me conseguir explicar o seguinte texto.
O rito foi-lhes perturbado e essa injustiça histórica deve ser corrigida. A comunidade portuguesa de criptojudeus ("filhos dos forçados a abandonarem a religião") tem que recuperar a sua ligação a Israel com uma "conversão formal ao judaísmo". Num seminário realizado este fim de semana na Sinagoga de Lisboa, o presidente da Shavei Israel, Michael Freund, expressou o desejo da organização judaica responsável pelo encontro "Restaurar esta comunidade, que é imensa em Portugal."
O fenómeno dos Bnei Anussim (designação israelita para criptojudeus) explica-se, segundo Michael Freund, de forma muito simples "Todos sabemos o que foi feito contra os judeus em Portugal no período da Inquisição". Para o presidente da organização, "agora que o País é livre e vive em democracia, faz sentido que as pessoas declarem a sua identidade religiosa e regressem ao judaísmo".
No entanto, regressar não pode ser um caminho "percorrido de um dia para o outro", considera Michael Freund, uma vez que "cada um destes indivíduos tem diferentes necessidades e desejos". Muitos querem explorar intelectualmente a história do judaísmo, outros procuram fazê-lo religiosamente, convertendo-se mesmo.
"Recuperar o sonho" é, então, o objectivo maior da Shavei Israel, que entende poder "ajudar os filhos dos forçados a voltar espiritual e intelectualmente ao judaísmo". Porque, apesar de terem passado muitos anos, "as pessoas mantiveram-se conscientes do seu passado e ligadas a Israel e aos judeus, que têm uma responsabilidade para com os Bnei Anussim".
Discutir o futuro dos descendentes dos "falsos cristãos" é, deste modo, uma necessidade clara para a Shavei Israel e para as comunidades israelitas em Portugal. A realização de outro seminário em Abril, no Porto, marcará definitivamente, para Michael Freund, o "sucesso do projecto da organização no País".
Para o vice-presidente da Hehaver (Sinagoga Ohel Yacov) - também responsável pela organização do seminário -, Danilo Elias Souza, promover a constante ligação entre os grupos e as comunidades judaicas em Portugal é um passo determinante na conquista de um espaço para os "filhos dos forçados". O processo que "transformou a face social do País e promoveu a existência de cristãos de fachada" terminou com o fim da Inquisição e "hoje é urgente restaurar esta comunidade", acrescenta.
Remetidos ao segredo, "os judeus que foram impedidos de viver a sua religião experimentaram uma discriminação inaceitável", considera Danilo Elias Souza. Isto porque "sabiam quem eram mas não podiam deixar que os outros soubessem". Assim, "de dia eram uma coisa e de noite outra".
Não se sabe ao certo quantos criptojudeus existem actualmente em Portugal. E "neste País muita gente se esquece que as suas raízes são judaicas", acusa um membro da comunidade Hehaver. Por isso, "seminários que reunam pessoas que conhecem a história dos Bnei Anussim são desejáveis e muito interessantes para estas comunidades", diz.
No seminário assinalaram-se também os 60 anos da libertação do campo de concentração de Aushwitz. "Uma data que não podia ser esquecida, pelo que representa para a comunidade e para o mundo", explica Michael Freund.
A herança cultural do capitão Barros Basto, que foi "injustamente destituído das suas patentes pelas autoridades militares portuguesas há 70 anos por iniciar o movimento que hoje se celebra" recebeu também grande atenção por parte das dezenas de Bnei Anussim que participaram no encontro."
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