[Competição Internacional] No primeiro dia de Competição Internacional, quem, como eu, viu os dois primeiros filmes da secção pensaria estar no DocLisboa em vez do Indie. Mas se The Flower Bridge tinha virtudes, já The Mother, centrado numa temática semelhante, parece ter mais defeitos. Aqui, ao contrário do filme de Ciulei, é uma mãe-coragem que se apresenta aos olhos da camera de Antoine Cattin e Pavel Kostomarov. Lyuba, como Costica na Moldávia, não tem uma vida fácil. São nove os filhos da russa, e muitas as agruras da realidade, desde abusos e abandonos na juventude, até maus tratos e miséria na vida adulta. O quotidiano é feito de trabalho braçal numa criação de vacas, e de controlo da casa onde pululam desde pequenas crianças até adolescentes. De novo, um documentário, este menos filmado como ficção. E agora onde Ciulei procurou a felicidade, Cattin e Kostomarov ficam-se com o que a realidade lhes dá. Reactivos, não têm praticamente qualquer olhar original sobre uma história como tantas outras, nem sequer exploram os temas internos àquelas pessoas. Exemplo: numa sociedade profundamente marcada pela falta de estruturação familiar estável, onde os homens se entregam ao alcoolismo e as mulheres continuam a assumir um função operacional dentro de núcleos familares numerosos, os realizadores podiam ter ido atrás da educação que Lyuba dá (ou não dá) aos seus "pequenos homens", que visivelmente virão a ser como os que os precederam. Mas se por cinco minutos o caminho parece identificado, logo se perde a olhar para uma vaca ou em sequências de quotidiano extensas que nada acrescentam ao documento. Na prática, Cattin e Kostomarov criaram um filme seco, sensaborão e esticadinho, que vai beber à escola dos documentários-realidade de forma directa e acéfala. Mais um, parece, que sairá do Indie pela porta pequena.
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