Drifting States, de seu nome Les États Nordiques no original, é a primeira longa-metragem de um ex-crítico de cinema, Denis Côté. E, mais uma vez, as premissas são muito boas: um homem toma conta da mãe comatosa, num ambiente depressivo quanto baste, e decide acabar com o sofrimento da senhora, com a ajuda de uma almofada. Profundamente abalado por toda a situação, mete-se no carrito e conduz até Radisson, uma vila a 1500 Km de Montreal com 400 habitantes, criada e mantida em função de uma central hidroeléctrica. A partir daqui, Drifting States revela-se na sua verdadeira essência: um misto de ficção e documentário, com um personagem em fuga moral e muitos personagens reais que se revelam no fim do mundo. E é aqui que Denis Côté esbanja o filme. Do seu lado, não aproveita ao tutano, como devia, a potencialidade de alguém martirizado pela eutanásia. Por outro lado, não é minimamente feliz com as personagens reais que se lhe deparam, com as suas opiniões, olhares, sentidos. Creio que dizia a Leonor Areal, do Doc-Log, há uns tempos, que não há documentário que resulte se não for feliz com quem encontra. E aqui o que resulta é um filme interessante mas que nunca descola, nunca tem golpe de asa, nunca se afirma. Antes mantém um low profile que não foi pensado e portanto perde-se. O trabalho de Côté, sendo claramente low-budget como é, centra-se em planos apertados do personagem central, filmados em cima do joelho, que resultam razoavelmente bem. Mas quem esbanja um filme não pode apenas ser competente a filmar. Sendo primeira obra, é de seguir o percurso do canadiano. Mas também não deve ser ele a levar a taça.
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