[IndieLisboa08] Charly (*)

[Competição Internacional] Não me recordo de aqui alguma vez ter dado apenas uma estrela a um filme. Chegou o dia. É hoje. E logo com um em competição. Isild Le Besco é actriz. E, como muito boas actrizes, achou que dava uma boa realizadora e vai de ataviar. O resultado é aquilo que gosto de designar por um filme-calhau. Nicolas é um jovem de 14 anos que vive com os avós num meio deprimido. Fraco estudante, fica com um livro de um professor onde está um postal de Belle-Ile. Nicolas sai a meio da noite, sem plano, para Belle-Ile. Depois de uma boleia nocturna, dorme numa pequena vila em nenhures no meio da rua, onde pela manhã passa Charly, jovem prostituta. Charly, com tiques de obsessiva-compulsiva, acolhe Nicolas numa roulote no meio de um descampado, ele que praticamente apenas sabe repetir uma frase: "não sei". Nicolas é um calhau. Le Besco filma como um calhau e quando quer fazer um filme sobre uma prostituta reduzida à obsessão e obrigada a crescer depressa demais, passa duas horas a filmar um grunho de 14 anos. Nada no filme faz sentido e tudo é gratuito, à excepção da interpretação de Julie-Marie Parmentier, a jovem Charly. Vê-se que a coisa foi feita sem meios, filmada em cima do joelho, mas isso não justifica um filme acéfalo, no limiar do idiota, que não quer mostrar coisa nenhuma mas também não tem coragem para o assumir, e que sobrevive apenas no olhar de uma personagem bizarra sustentada por uma actriz que valerá a pena seguir em tempos mais próximos. Senhora Le Besco, dedique-se à pesca, sff. A gerência agradece.

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