domingo, agosto 31, 2008 at 14:34 Labels: { Mulheres levadas da breca } {2 comments}
sexta-feira, agosto 29, 2008 at 15:11 Labels: { Cinema, Festa do Cinema Francês 2008 } {0 comments}
O meio dos festivais ou ciclos de cinema em Portugal dificilmente foi mais activo do que na actualidade. Esta semana chegam notícias de mais duas iniciativas que o provam, e de forma cabal. Primeiro, a Festa do Cinema Francês apresenta-se na sua 9.ª edição e parece maior que nunca. Serão nove salas a nível nacional, três secções e um Prémio do Público, num evento desta feita alargado a Lisboa, Porto, Faro, Coimbra e Almada. Na prática, serão, diz a organização, 45 longas-metragens, 36 das quais nunca estreadas em Portugal, e muitas das quais passaram por Cannes ou outros festivais internacionais. Em termos de organização, e para além da Secção Principal que compreende 25 longas, a Festa surge este ano com "Paris-Lisboa", uma secção com 10 filmes rodados nas respectivas cidades, e "Cannes em Portugal", uma homenagem à Quinzena dos Realizadores do conhecido festival francês, e onde pontuam outros 10 filmes inéditos entre nós. A apresentação oficial será a 15 de Setembro, no Instituto Franco-Português, mas já se sabe que a Festa começa a 2 de Outubro, em Lisboa, e encerra a 2 de Novembro, em Faro. Noutro registo, a Zero em Comportamento, que tem no IndieLisboa o seu evento de proa, continua a parceria com o Museu do Oriente e organiza em Setembro (até 5 de Outubro) um ciclo dedicado ao cinema chinês. Com sessões no auditório do referido museu, a iniciativa mostra seis filmes de produção recente, olhando para uma China contemporânea à procura do seu lugar. Dos projectos agendados, destaca-se Grain in Ear, o vencedor do Prémio de crítica internacional no Indie2006, e sobre o qual tivemos oportunidade de escrever então (ler aqui). De resto, a avaliar pelas sinopses, estaremos atentos a The Red Jacket e Blackguard Quiangzi. No ano que se vê a China em todo o lado, puxada pelos Olímpicos, bom sentido de oportunidade da Zero e da Fundação Oriente, sobretudo por mostrar, certamente, uma China muito diferente da do fogo de artifício de Pequim.
quinta-feira, agosto 28, 2008 at 20:27 Labels: { Outras guerras, Política, Televisão } {0 comments}
segunda-feira, agosto 25, 2008 at 16:07 Labels: { Televisão } {0 comments}
at 11:59 Labels: { Cinema } {0 comments}
Wall.E é um dos filmes que tínhamos apontado para ter atenção este ano (ver aqui). Dizia eu, na altura, que "a avaliar pelo trailer #2 é animação da melhor, com tudo veiculado por imagem ou movimento, porque Wall-E não fala, praticamente. E tem tudo para ser um dos grandes do ano". E aqui, grande satisfação porque sim, é um dos grandes do ano. E quando as expectativas são cumpridas é sempre bom. Andrew Stanton, que andou com Wall.E na cabeça durante uns anos, já tinha dado Finding Nemo à humanidade. Portanto, o senhor não é virgem em matéria de animação de topo. Mas realmente Wall.E é elevar a fasquia um bom bocado. Não só porque o trabalho de animação é brilhante, mas porque será (talvez) o primeiro projecto desta magnitude a arriscar em personagens sem comunicação verbal. E, para nós, essa é a grande aposta ganha do projecto. Todo o trabalho, quer visual quer sonoro, tem o objectivo claro de veicular comunicação sem recorrer ao verbo. E aí Stanton ganha em toda a linha. Wall.E é uma personagem com enorme densidade, personalidade evidente e capacidade para comunicar apenas com os seus sons, movimentos, acções e demais componentes, e é aí que tudo parece alicerçar-se. Claro que é a mensagem "verde" que conquista corações mais militantes, e que a projecção da humanidade que surge no ecrã também ajuda a adoçar a coisa (é possível que aquele seja mesmo o nosso futuro, em potencia?), mas a grande conquista do filme, a nosso ver, está na capacidade de se sustentar e de comunicar com o espectador de forma clarividente sem verbo. Não é qualquer um. Mas atenção, e aqui talvez algo politicamente incorrecto: Wall.E não é um obra-prima, nem está num patamar sequer próximo de ET. É um grande filme, magnificamente bem feito, mas não vai marcar a história do cinema, sobretudo porque lhe falta densidade dramática (desde o primeiro plano que sabemos que vai acabar tudo em bem) e porque Wall.E está apostado em ser adorado por todos. Em ET aprendíamos a gostar daquele ser ao longo do filme, e havia medo de início, que se convertia em defesa depois e pena ou tristeza por fim. É esta capacidade de convocar diferentes estados emocionais, motivados por uma surpresa recorrente, que não se vê no projecto do robot do lixo. Portanto: parabéns senhor Stanton, mas continue a mandar postais.
at 10:49 Labels: { Cinema } {0 comments}
Não é muito comum chegarem exemplos da cinematografia da Estónia a salas portuguesas. Também por isso, mas não só, Sügisball, que em português deu "Baile de Outono", é uma boa surpresa. O filme de um desconhecido Veiko Õunpuu é sobretudo uma visão cinzenta da solidão humana, sem deixar cair um traço de identidade de leste. Ao longo de duas horas a camera leva-nos a seguir um escritor abandonado por uma mulher, uma mulher abandonada pela sorte, um barbeiro finlandes esquecido e demais personagens emocionalmente fragilizadas, que acreditam mais no silêncio do que na conversação. Sendo notório que o estónio foi beber a escola de Bergman, a sua grande conquisa é a criação de um ambiente emocional e visual que veicula a solidão contemporânea, desta feita não agregado à abstracção de uma grande metrópole, mas numa cidade neutra, lenta e nocturna, onde os personagens se encaixam como peças de um puzzle. Õunpuu tem o filme ganho enquanto filma e estrutura, mas quase que se perde quando começa a introduzir texto e a cruzar personagens e respectivas histórias. Aí começam a aparecer disparates, frases feitas, que quase deitam tudo a perder e se revelam como perturbadoramente desnecessárias. Mas depois recupera-se o silêncio, a alienação consciente, o drama pessoal psicológico de cada um, em tom poético, bem filmado, com imagens felizes e sons a condizer, e no fim de tudo temos o "filme-ovni" do Verão, que faz ter saudades do Inverno e daquele olhar perdido do quotidiano.
quarta-feira, agosto 20, 2008 at 11:13 Labels: { Gastronomia, Ironias, Outras guerras } {0 comments}
... e nós assinamos por baixo.
sábado, agosto 16, 2008 at 15:59 Labels: { Literatura } {1 comments}
quinta-feira, agosto 14, 2008 at 22:16 Labels: { Gastronomia, Televisão } {1 comments}
at 20:46 Labels: { Cinema } {0 comments}
A história de Batman no cinema merece ser vista com olhos de ver. Ou seja, vale a pena acompanhar as várias viagens ao universo de Gotham e do herói talvez mais negro da história da BD. Algo que merece também ser dito é que o primeiro filme da saga, com data de 1989, é de Tim Burton. E daí para cá foi impossível olhar para o personagem e para os filmes sem esquecer este dado. Porque Burton é Burton, e porque Batman, o primeiro, é um filme sem mácula e que definiu o patamar numa posição alta. Muito alta. Tão alta que os desastres como Batmand Forever, em 1995, ou Batman & Robin, dois anos depois, vieram pôr em causa a presença do morcego no grande ecrã. Depois veio Cristopher Nolan, na ressaca dos marcantes Memento e Insomnia, a querer salvar a coisa para aquilo que hoje se gosta de designar como o período negro. E a primeira experiência não correu de forma particularmente brilhante. Batman Begins centrou-se na formação da personagem, na sua infância e ligação aos pais, e esqueceu-se de encontrar um vilão a sério ou o ambiente certo para um universo que foi totalmente estilhaçado pelo trabalho de Joel Schumacher. E portanto chega-se a 2008, de novo, com a sensação do vai ou racha do homem-morcego. E a coisa parece ganha. Não, The Dark Knight não é melhor que o paladino de Tim Burton. Mas simplesmente porque Burton é Burton, e o batman do realizador bonecreiro não é repetível. Desta feita, Nolan parece ter aprendido com os erros e mostra agora um filme bem estruturado, que não cede na acção mas não se reduz à mesma, que dá máxima sequência à criação da personagem Batman e, mais do que tudo, à sua contínua luta consigo mesmo enquanto herói negro, simultaneamente luz e negativo de si mesmo. Christian Bale move-se muito bem no meio de tudo, e Nolan tem um enorme jackpot em Heath Ledger. À parte de qualquer visão romanesca impulsionada pela morte do actor, o trabalho de Ledger dentro de Joker é incrível e tremendamente comparável com o de Jack Nicholson, precisamente o joker de Burton há quase vinte anos. Comparável porque onde Nicholson era demasiado Nicholson, Ledger é carne, osso e risos totalmente Joker, sem espaço para mais nada. A performance de Heath Ledger é memorável e entra directamente para a galeria dos grandes vilões do cinema, ao lado do Hannibal Lecter de Hopkins, por exemplo. E a consistência de um grande Batman tem que vir da força da sua antítese. Mesmo que que essa acabe por vir de si mesmo, mas potenciada pelo mal em forma de sorriso cortado.
sexta-feira, agosto 01, 2008 at 17:50 Labels: { Política } {0 comments}
at 16:57 Labels: { Política } {0 comments}
"Declaração ao país". "Assunto da maior importância". "O Presidente da República interrompe as férias para uma comunicação em directo nas televisões". Medo. Muito medo. Sobretudo porque Cavaco Silva acabou ontem, a partir das 20:01h, por provar o que dissemos de forma dura e directa durante a campanha que o elegeu: que não tem o menor perfil para o cargo. Quando o país se vai deprimindo atrás do preço dos combustíveis, quando a inflação dispara como não se via há quase 15 anos, quando a taxa de desemprego não dá sinais de abrandamento efectivo, quando as taxas de juro não estabilizam minimamente, quando a Europa e os Estados Unidos se vêm a braços com problemas de ordem económica e social profundos, quando o falhanço do Tratado de Lisboa mergulha a Comunidade Europeia em nova crise institucional, quando a Assembleia da República parou os seus trabalhos, quando tudo isto acontece, o Presidente da República Portuguesa decide fazer uma comunicação ao país sobre um tema absolutamente periférico. Mais do que isso, vai para os ecrãs de televisão, a meio da época estival, dramatizar um estatuto que já havia sido recusado pelo Tribunal Constitucional e que, assim, teria sempre necessariamente que regressar à Assembleia. E, por cima de tudo, o que o preocupa é a obrigatoriedade, inscrita no documento, de aumentar o número de audições prévias a uma dissolução do parlamento regional, bem como ter que ouvir a assembleia regional antes de nomear um representante da república para o arquipélago. A meio do Verão, num país meio parado ou pelo calor ou pelo custo de vida, o assunto é tudo menos o que preocupa os portugueses, ou sequer a classe política, cujas reacções não deixaram esconder o espanto pela forma como a questão foi levantada. Mais: em vez de manter a questão num plano político-institucional onde claramente pertence e será resolvida, Cavaco hiperbolizou-a totalmente, procurando os ecrãs nacionais com cara de caso. Numa época em que se fala à boca cheia sobre a exagerada mediatização do sistema político-partidário e dos seus intervenientes, e da apropriação que estes tentam fazer dos media para passar um conjunto de mensagens, usualmente vazias, o Presidente da República dá o pior exemplo possível. Preocupado apenas e só com as suas competências no cargo, com o seu umbigo, escondeu-o atrás de um fatinho de economista de empréstimo em Belém e veio gritar "aqui d'el Rei, que me querem foder!". E ninguém quer. Medo. Muito medo.