Incluído na secção Room Service, passou esta tarde o polaco Hiena, de Grzegorz Lewandowski. Antes, uma curta curtinha, de quatro minutos, de Koldo Almandoz. Esta, baptizada de Columba Palumbos, é um bom exercício de imagem e ambiente do espanhol, que filma um homem suicidário, após matar a família, ao som dos Cinematic Orchestra. As imagens são bonitas e pensadas, e mesmo em quatro minutos existe a possibilidade de uma supresa no fim, que resulta muito bem. Já a longa de Lewandowski tem outros problemas. Na prática, Hiena segue ao longo de 88 minutos uma criança, traumatizada pelo desaparecimento estranho do pai e da vida nocturna da mãe, que se enreda em histórias contadas de mortes e sangue. E o polaco tem uma enorme virtude: a de saber criar um ambiente a partir do cenário que escolheu, uma paisagem semi-urbana povoada de indústrias decrépitas e personagens deprimidas, o que convoca desde logo um conjunto de condições propícias a um bom filme. E o realizador até começa bem, olhando de frente quer as crianças quer a efabulação que serve de base a tudo o que se desenrola. Só que depois perde-se no seu próprio filme e não sabe o que há-de fazer. O resultado são personagens à deriva, sem saber que linha narrativa seguir. Na prática, o polaco não sabe se quer fazer um filme de terror, de suspense ou de fábula, e acaba por não fazer nenhum dos três. Ainda que bem intencionado, Hiena acaba por ser uma ideia esbanjada por quem não é capaz de ser objectivo e directo, nem sabe o que quer. A última meia hora é, então, sinónimo de névoa, que depois se tenta salvar com um wrap up narrativo que não convence, antes baralha e volta a dar sem saber bem como. Não sendo um filme mau, porque até bem filmado e cinematograficamente pensado, também não é bom.
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