Sábado foi tempo para a segunda sessão especial, dedicada a um mestre vivo do terror: Stuart Gordon. Do norte-americano cerca de 800 pessoas viram Stuck, cujo ponto de partida é uma história verídica que chegou aos jornais em 2001. A bizarria é fácil de contar: Brandi (a competente Mena Suvari), uma assistente num lar de idosos que bebe uns canecos e mete umas pastilhas à noite atropela Tom (o experiente e excelente Stephen Rea), desempregado à beira do desespero e vítima de uma economia instável. Até aqui tudo normal, não fosse o pormenor de Tom, o desempregado, ficar preso no pára-brisas de Brandi, a assistente. E de esta não ligar às autoridades e levar o desgraçado agarrado ao carro até casa e não fazer nada nas horas e dia seguinte. A única opção de Tom é, assim, tentar fugir. O filme de Stuart Gordon é um prodígio enquanto comédia negra. Nunca cedendo ao facilitismo, o realizador aproveita o surreal dos factos para inserir o cómico das atitudes, através das expressões e texto dos seus personagens. Tudo antes do acidente é construído de forma a que tudo depois tenha uma conotação. Tom é um desgraçado total. Brandi é uma sortuda impertinente. E enquanto Tom acaba por provar que tem mais forças do que as que a sociedade lhe confere, Brandi vai claudicar ao ridículo do desespero. Pelo meio há o surrealismo feito gargalhada, conseguindo manter um bom nível de surpresa mesmo quando já sabemos quase tudo o que há a saber. Não sendo um filme de terror, Stuck foi possivelmente o melhor filme a passar no Motelx 2008.
0 comments:
Enviar um comentário