[Competição Internacional] Ao que parece, a Competição Internacional segue misturando equívocos com clarividência, e continua apostada em testar a paciência ao espectador. Desta feita, o norte-americano Azazel Jacobs mostrou o sonolento Momma's Man, e mais valia ter ficado em casa. Em parte auto-biográfico (!), o filme de Jacobs acompanha Michael, um trintão que decide visitar os pais em Nova Iorque, quando tem mulher e filha na Califórnia. Tudo seria normal se Mike não quisesse ficar em casa dos progenitores, agarrado a livros de banda desenhada, memórias do liceu e letras de músicas da adolescência. Ou seja, a premissa até é interessante. O filme podia ser sobre as dificuldades da vida adulta, sobre uma visão desencantada do presente e utópica sobre o passado, sobre a ligação aos espaços que nos formatam na época dourada da juventude. Podia, mas não é. E isto porque Azazel é incapaz de dar o salto. São 98 minutos em que o espectador se mexe mais na cadeira do que Jacobs no filme, que não vai a lado nenhum. Percebe-se a ideia ao fim dos primeiros cinco, e a partir daí o realizador limita-se a filmar o espaço do quarto, a cara de Mike quando liga à mulher ou mente aos pais, a carta da ex-namorada de liceu, e muito pouco mais. Para ajudar à festa, o personagem principal é limitadíssimo e nada do que faz ou sente tem base emocional, pelo que tudo se converte em gratuito. Jacobs, que filma os próprios pais, perde uma enorme oportunidade de fazer um filme decente, e conclui um documento vazio de ideias e que faz perder o tempo a quem o vê. E as duas estrelas apenas se justificam porque a premissa até era boa.
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