[Competição Internacional] Para o registo: Wonderfull Yown é um filme muito bonito. Mas como não é sobre o mundo da moda, isso não chega. O tailandês Aditya Assarat foi para sul à procura do que restou depois do tsunami e da reconstrução de uma costa devastada, e veio de lá com uma história de amor previsível demasiado focalizada em si mesma. O realizador filma um arquitecto de Banquecoque que é destacado para coordenar a reconstrução de um resort perto de Phuket. Simples, o profissional aloja-se num pequeno hotel da aldeia, onde trabalha uma jovem nascida e criada no lugar. Os noventa minutos seguintes são a história de sedução e namoro envergonhado dos dois, em tom lírico que até resulta até certo momento. Mas Assarat esquece-se do pano de fundo e da premissa de base e olha apenas para os dois personagens e o seu relacionamento, quando podia olhar out of the box e afrontar a reconstrução, as ruínas e as memórias, ou a continuidade de um ambiente que não é urbano mas também está longe do tropical. Apenas em termos de imagem o realizador se lembra de onde está, porque narrativamente o filme é pobre e descentrado. Na prática, o resultado é inconsequente. Admiram-se as paisagens e os momentos sóbrios, mas estes deixam ao espectador o trabalho de pensamento, quando Assarat se entretém com personagens previsíveis e quase planas, e com o desfecho dramático da relação e da não aceitação da mesma no meio. O filme deixa o sabor amargo do desperdício a quem vê, bem filmado, com tom próprio, mas desfocado da sua potencialidade e perdido com questões menores. Louve-se o simplismo da coisa, uma vez que não poucas vezes a mesma atitude redunda em presunção, que não é o caso. Mas precisamente pelo oposto, pela falta de ambição e por se prender demasiado numa história local em vez de um olhar mais global, é que dificilmente será o tailandês a levar o caneco para casa.
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