[Herói Independente] Segunda incursão do Animatógrafo no universo do homenageado Johnny To, e o saldo bem mais positivo. Sparrow é o último filme do asiático, e está bem longe dos devaneios de 90. Sob o signo simbólico do "pardal", To constrói um filme simultaneamente sobre carteiristas, mulheres e Hong Kong, em que tudo é medido meticulosamente e a interacção é brilhante. Na prática, Sparrow segue um grupo de quatro carteiristas profissionais, que se vêm envolvidos com uma pequena organização dominada pelo senhor Fu. No meio está uma mulher, presa a este como um pardal numa gaiola, e que recorre aos quatro primeiros para se libertar de alguma forma. Fazendo o filme redondinho, To assume que o próprio senhor Fu era também um carteirista de nomeada e a coisa decide-se num duelo. Tudo no filme é pensado de forma inteligente. As mulheres são filmadas como pardais, fugidias, breves numa cidade urbana que contempla os seus templos com as torres no horizonte. Os carteiristas são filmados como pardais, rápidos e leves na interacção com as vítimas, cómicos quando confrontados com uma situação que lhes escapa. O realizador explora todas as opções de forma subtil, esteticamente sem mácula, e com um sentido de humor directo, a espaços físico, sem exagerar e simplificando todas as acções, conferindo assim um carácter honesto ao filme. A banda sonora é uma excelente ajuda à criação de ambiente, e o pano de fundo, uma Hong Kong cosmopolita e solar, a marca de assinatura de To. O resultado é um filme completo que, não sendo uma obra prima, é uma lição de cinema a todos os níveis. Assim sim, Johnny.
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