Ora cá está!



Na minha primeira incursão na (mini) feira ecológica e natural do Príncipe Real (todos os Sábados), na parte de coisas não naturais (leia-se velharias, artesanato new age e antiguidades), deparei-me com esta pérola. Chamava-se "Animatógrafo", sendo assim o objecto primordial deste blog. Comprei três exemplares diferentes, de entre os muitos que a senhora com ar de otária tinha por lá. Este, com a Jean Arthur na capa, foi editado, precisamente meus amigos, foi editado a 6 DE OUTUBRO DE 1941. Cá está. 64 anos palmilhou a revista à data dirigida por António Lopes Ribeiro, o personagem mais determinante do cinema português do salazarismo, Pátio das Cantigas, O Pai Tirano, A Canção de Lisboa, etc, etc...Este é o n.º 48, 2.ª série. Ficamos a saber pelo rodapé da capa que "Publica-se às segundas-feiras" e que o preço era de um escudo e cinquenta centavos. Diz ainda a capa que Jean Arthur era "favorita dos cinéfilos portugueses" e que "este número contém um retrato-brinde de Mischa Auer", retrato este que não sobreviveu junto com a revista. Abre-se e lê-se que "Maria Paula trabalha em «O Pátio das Cantigas», filme ainda em produção, e que se trata de uma "reaparição que se impunha!". Na página 4 há "ecos da IX exposição cinematográfica de Venesa" (assim mesmo, com "s") e na página 5 diz-se que "é verdadeiramente consolador verificar o êxito sem igual alcançado pelo filme português «O Pai Tirano». O Éden bate todos os seus «récords» de afluência e de receita. (...) As gargalhadas constantes que provoca não vêm só de cima ou só de baixo, dali ou dacolá: irrompem de tôda a sala, num unísono consolador". Na página 9 fala-se "do que foi a primeira volta de manivela de «O Pátio das Cantigas»", enquanto na página 12 um assinado "Homem Sombra" diz que "Já estão definitivamente fixadas as datas em que vão exibir-se os filmes «The wolson of the mountain» e «Al'Arrihba». Falta apenas marcar os dias certos". Como precursor, o Animatógrafo tinha na página 14 "O Correio de Bel Tenebroso", uma versão inicial das hoje correntes "cartas ao director". Na mesma página um anúncio avisa que "Os melhores filmes portugueses, aqueles que se distinguiram pela decoração, foram mobilados pelos Grandes Armazéns Alcobia. A casa que sabe associar o «gôsto» e o «confôrto»". Ora cá está, há 64 anos.

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